Tony Allen
Há poucos dias atrás num apelo 'marqueteiro' e puramente comercial a cidade da Praia nos impunha um tal Akon, que por arrastão da imperiosa necessidade de modelos/ídolos, fenómeno próprio da adolescência, levava na onda barbudos e 'cotas' para ouvir em 'play back' um artista que desconheço de todo mas que merece o meu respeito. Como diria o Gilberto Gil todo o estilo musical cumpre uma 'função social' específica e, só por isso, a principio já é respeitável.
Eu que já havia me rendido aos encantos do 'Afrobeat' de Fela Kuti estando um bocado a leste das 'coisas do mundo', um pouco como resultado da tal suposta 'dolência crioula' mas, maioritariamente pela ausência de informação de qualidade que por aqui nos é imposto, nem sonhava que poderia ter o previlêgio de ouvir e ver aquele que foi seu produtor musical durante uma década.
Ontem a noite o CCF nos brindava um 'show' memorável no sentido mais lato da expressão. O Tony Allen, co-fundador do ritmo 'Afrobeat', um homem baixote de 70 anos de idade, parco nas palavras, tanto no dialogo com o público como nas letras da sua música, atrás da sua beteria e acompanhado por cinco extraordinários músicos hipnotizou uma plateia, maioritariamente europeia. O cabo-verdianos eram meia dúzia de apaixonados e curiosos, público esse que espero que cresça em jeito de conta-mão e a revés da alienação que se faz praxis. Seja como for o que se viu e ouviu foi ARTE no verdadeiro sentido da palavra, muito dele improvisado. Arte de um homem que participou na invenção de um estilo musical e que já fez cerca de 40 discos.
Em Outubro o mesmo CCF já havia oferecido à esta cidade um outro espectáculo de enorme qualidade, a ópera 'Mozart Point Final'. Salvaguardando o respeito e o carinho pelos bons espectáclulos de 2010, entre eles um bom punhado de artistas nacionais, não hesitaria em classificar os shows do Tony Allen e o 'Mozart Point Final' como os dois melhores do ano. Modesta e leiga opinião. Essa música não sai dos meus ouvidos e dá um imenso prazer...ainda a oiço!
OL